8/10/2012

Quando O Sol Bater Na Janela Do Seu Quarto e Sigmund Freud

Em O Mal-estar na Civilização, Sigmund Freud diz que o ser humano, por nossa própria constituição, busca antes a ausência de sofrimento e desprazer que a felicidade, em si. Em outras palavras, temos mais medo da dor do que queremos o prazer.
Além disso, ele diz que o sofrimento e o desprazer é oriundo de três diferentes fontes: O poder superior da natureza ("do mundo externo, que pode voltar-se contra nós com forças de destruição esmagadoras e impiedosas"), do nosso próprio corpo ("condenado à decadência e à dissolução") e, (e este talvez nos seja o mais penoso dos três), das relações entre nós mesmos, entre os próprios seres humanos.
Para completar, ele ainda nos diz que temos basicamente, três formas que nós usamos para alcançar uma pseudo-felicidade: nos intoxicando (usando drogas), nos afundando em nosso trabalho ("como, por exemplo, a alegria do artista em criar, em das corpo às suas fantasias, ou a do cientista em solucionar problemas ou descobrir verdades") e, por fim, a fruição da beleza ("a beleza nas formas e a dos gestos humanos, a dos objetos naturais e das paisagens e a das criações artísticas e mesmo científicas").
Desta última, gostaria de ressaltar um trecho da obra que diz: "A fruição da beleza dispõe de uma qualidade peculiar de sentimento, tenuemente intoxicante".
É à partir desse contexto e desse trecho que gostaria de dissertar. A fruição da beleza dispõe de uma qualidade peculiar de sentimento, tenuemente intoxicante. Realmente, intoxicante. Partindo, logo acima, das criações artísticas, vamos falar da minha beleza, da minha forma de alienação, da minha beleza. Da minha felicidade.
Vamos falar de música.
E, dentro de música, vou escolher aquela que mais me lembrou da minha vida nesta semana. E a que eu estava escutando quando me fez pensar sobre escrever aqui. Quando O Sol Bater Na Janela Do Seu Quarto, do Legião Urbana.
Esses dias, quando eu postei aqui, eu estava deprimido. E a minha salvação, aquilo a que eu me agarrava com todas as forças, aquilo que eu mais precisava era de música. Era minha esperança. Sabe?!
Agora, curiosamente, nos dois últimos dias, que eu os achei realmente muito bons, e estive realmente feliz, foi, novamente, a música quem procurei. Como um velho amigo, a quem nós gostamos de dividir nossas felicidades. Ainda  mais que isso, um velho amigo que já compartilha das suas felicidades, com quem você pode ficar horas sem pensar, só apreciar... E sorrir como um bobo. E ter esperança.
Maldita palavrinha, essa, esperança. Um sentimento um tanto quanto tenuemente intoxicante, bem peculiar. Uma faca de dois gumes, por assim dizer.
E, talvez, só talvez, é a essa esperança que nós nos agarremos. É daí que vem a nossa pseudo-felicidade. Que, talvez, e só talvez, não seja tão pseudo assim. Talvez, e só talvez, podemos começar tudo de novo. E, só talvez, ainda temos chance.
Vê? Eu acho que, talvez, essa pseudo-felicidade seja algo realmente feliz, por assim dizer. E, mais que isso, acho que, talvez, a nossa felicidade não seja tão inalcansável assim. Não estou querendo ser presunçoso de mais pra achar que meus humildes e nada importantes 16 anos são capazes de contradizer o velho estudioso. E, pra ser sincero, não sei se eu mesmo acredito em tanto otimismo.
Mas a ideia de não existir felicidade palpável, ao alcance dos homens, é demais inadmissível. Nesse mesmo texto, Freud explora essa ideia, dizendo que a felicidade possivelmente é o objetivo de nossas vidas.
Mas, como elevamos a felicidade a um plano inalcansável, nós criamos os nossos próprios pseudo-objetivos. E, nessa parte, sim, eu concordo com Freud. Ganhar dinheiro, ganhar status social, uma boa família, respeito, carreira, tudo isso se tornou nossos "objetivos". E é importante não se esquecer das aspas ali.
Além desses objetivos, Freud, em um dos textos, coloca que algumas pessoas optam por escolher o amar como "objetivo". Mas, quando você faz isso, você não ama a pessoa, em si. Você ama o ato de amar. Esse pensamento é... Foda. E eu não consigo deixar de pensar que me entendo um pouco melhor com isso.
Mas não importa. Não faz diferença se eu amo o ato de amar ou a pessoa. O importante é que eu Amo! E isso, meus caros, é felicidade, não é? Amor é Felicidade. E Música é Felicidade. E, digam o que disserem, é por isso que eu vivo.

8/06/2012

Desabafo da Madrugada


Eu vou ser sincero, não sei bem porque estou escrevendo este texto. Mas, assim como tantos outros, eu estou me sentindo mal. E, cara, como eu estou me sentindo mal. Me sinto podre, como tantas vezes antes. Minha cabeça está pesada, e eu quero chorar...
Eu queria ser burro, isso sim. De verdade. Não que eu seja inteligente, mas eu queria ser ignorante. Queria não pensar nas coisas que eu penso. Queria não pensar nisso. Queria poder continuar iludido, estúpido, jogar minha vida fora. Seria mais fácil, então por que não?
Queria ser babaca. Queria ser escroto. Queria ser aquele como O Hamster. O cara muitas vezes é uma das pessoas mais babacas que eu conheço, apesar de ser meu grande amigo, ele consegue ser um troxa quando ele quer. Mas ele não tem pudores. Ele fala o que ele quer, ele faz o que ele quer. Eu queria ser assim.
Esse Mito que criaram, que pessoas românticas e de emoções fortes são nobres ou qualquer coisa do tipo... Ridículo. São ridículas. Estúpidas. Sofrerão.
É você. Mas não é você. Na verdade, sou eu. É eu perceber, eu entender o quão ridículo eu estava sendo. E eu talvez continuaria assim, se não tivesse te visto hoje. Ainda existe a possibilidade que eu continue assim, apesar de tudo. Mas eu não quero.
Eu não tenho propósito. A minha vida não tem propósito. E não vejo sentido em estar aqui, no grande vazio, na minha grande insignificância. Meus objetivos, por mais utópicos que fossem, serviam pra mim. Mas, depois de expulsarem o André, eu não tive nem forças nem vontade de continuar na luta.
Não que a tal expulsão tenha sido a pior coisa do meu ano. Esse ano tem acontecido coisas horríveis. Assim como coisas boas, mas as horríveis conseguem ter um peso maior. Também, é de se esperar, tive um contato tão próximo e tão chocante com a morte, sofri outra perda terrível com a pessoa que mais me servia de modelo, e, para coroar, perdi minha namorada. Perdi, mas não procurei de volta, importante ressaltar isso.
Aí apareceu você. Em toda minha escuridão, uma amiga, alguém com quem eu pudesse contar. E, puta que o pariu, você é muito linda. Você sempre esteve lá, mas cada vez mais forte, até que, quando eu mais precisava, era você quem eu procurava, e você quem eu encontrava.
Entenda, eu estava carente e sem rumo, não é assim tão surpreendente que eu segui pelo caminho que eu segui. Mas foi estúpido, vejo isso agora. Fiquei me fazendo de romântico, me iludindo. Coloquei você como meu objetivo, meu motivo de existência.
Mas.
Agora já não tenho nenhum. Não procurei outra coisa, outro conforto. Mas eu vejo que jamais poderei tê-la. Não basta ser demais para mim, você não quer. Vê? Não sou ridículo? E eu estou mais só do que nunca, porque não devo me aproximar. E já não tenho mais zona de conforto, minha alienação.
Música é a única coisa que ainda faz sentido. Música é minha salvação. Me agarro à música com todas as minhas forças. É meu sol. É mais do que gosto, do que prazer. É necessidade. Completamente dependente... Minha última esperança.
E, para ver o quão estúpido eu sou, ainda, o que eu mais quero, é te ter aqui.