7/27/2012

O Afogamento

É como se você estivesse se afogando.
Você está em transição. Não está em nenhum outro mundo, mas quase não está neste. A música alta chega, abafada, aos seus ouvidos, mas nenhum outro som está presente. Os raios de sol que chegam às suas pálpebras fechadas foram desviados pela água, formando desenhos ilógicos na escuridão. Seu nariz e sua boca mantém o ar inodoro e sem gosto passando por seus pulmões, mas isso não te impede de se afogar.
Sua mente que se afoga. Porque ali, na escuridão, nada tem para chamar a sua atenção, nada para se concentrar, nada para se agarrar. A água te puxa para baixo e para baixo... Mas não há chão, não há fim, há apenas água e você. Qual dos dois é o responsável? Qual dos dois mais te assusta? Qual dos dois está verdadeiramente te matando? Isso você jamais saberia responder.
E, nesse período em que o cada segundo dura o tempo do infinito, você flutua não apenas na água, mas no espaço-tempo. Você não está presente em lugar nenhum, e está presente em tudo. Se lembra de cada rua pela qual passou, cada vista que já teve o deleite de ver, cada casa em que você pisou, cada marca que você deixou. Lembra-se de tudo que construiu, dos brinquedos da infância, do que já passou, do que já teve, do que já foi.
Você volta não apenas para outros lugares, mas também no tempo. E essa parte dói. Porque você se lembra de cada rosto, cada momento. O tempo lento revive os mortos, os esquecidos, os perdidos. Tudo que já passou volta, e a nostalgia te atinge, aumentando o afogamento. Aquilo que já passou, que nunca mais vai voltar.
Até porque, você vai morrer. Não há ninguém na piscina de águas paradas que perceba que você está morrendo, nenhum valente herói vai te salvar. Ninguém pode te salvar de você mesmo. Nesse momento, nem você mesmo. Mas você está em paz. A ferida é profunda, mas a dor é suave, calma, um leve incômodo. Sua vida inteira esteve lá, mas é agora, quando tudo está prestes a acabar, que você entende a dor, o comichar. A culpa. A falta.
Isso, acima de todo o resto, é o que mais dói. A última vez que você viu esse ou aquele rosto. As últimas palavras, nem sempre tão tenras quando você quereria, se soubesse que estava morrendo. Aqueles que você nunca mais verá. As brigas que não houve tempo de pedir perdão. Os erros que você não pode consertar. Aqueles que talvez nunca saibam que você os amou. O uísque que você não terminou de tomar. A canção que você deixou pra compor amanhã. A vida que você deixou de viver. E só agora você percebeu que acabou.
Então, de repente, você acorda

7/20/2012

Por que que eu me encho de esperanças?! Na moral, será que eu AINDA não aprendi?! Essa esperança é tão... Babaca... E o pior que eu só queria poder te ver, te abraçar. Pqp, como eu quero te abraçar... E todo mundo sabe, todo mundo sabe que não vai dar certo, que é ilusão, que é bobeira. Mas meu coração insiste em criar esperanças. Que bosta, neah?! Eu ainda fecho os olhos e vejo seu rosto. Eu ainda consigo ficar imaginando a gente junto... E eu ainda imagino que existe a possibilidade desse sentimento ser recíproco. Que merda...