3/18/2012

Desabafos da Madrugada

-D., você é religiosa, neah?
-Sim.
-Então, você em acredita em vida após a morte. Não é?
-Sim, por quê? Você não acredita?
-Não sei, ultimamente eu tenho me sentido meio incomodado com isso. Sempre fui, mas agora está pior. Eu acredito que, seu eu analisasse friamente, eu não acreditaria. Mas eu não consigo analisar friamente. Eu tenho um pavor, um horror tão terrível desse nada, dessa não-consciência, desse esquecimento, que toda vez que eu tento pensar sério no assunto, eu logo o repudio da minha mente. E não haver nenhuma comprovação do que há depois acende aquela labareda tímida da esperança, sabe? Eu tinha "superado" esse tipo de horror não pensando no assunto. Mas, desde que minha vó morreu, eu tenho me sentido muito mais frágil. E o pensamento do fim, não só da vida, mas também do colégio, da adolescência, me faz ficar doente. E esse pensamento tem me perseguido. Só de pensar que eu talvez nunca mais veja nem fale com muitos de meus amigos me dá vontade de chorar. E, como a vida sempre se repete, não consigo deixar de pensar que a morte também seja assim, o afastamento de todos, o esquecimento total. Porra, agora mesmo to com vontade de chorar. Essa é a minha fobia. É por isso que eu tento tanto ser sempre feliz, que eu não sei se vou ou quero ficar pra sempre, que eu não sei que curso vou fazer de faculdade. Eu tento pensar sempre no hoje pra apagar a dilaceração em meu peito da nostalgia do ontem e escapar do terrível destino do amanhã. Eu sou fraco e queria sua ajuda.

Ahh, como eu queria saber o que você me diria... Pensamentos jogados ao léu, ao papel, no meio da madrugada. Sou forte demais para permitir que outros se preocupem comigo? Ou sou fraco demais para desabafar para qualquer um que não seja meu caderno? Tanto faz, essas são só mais outras muitas perguntas que não têm respostas. Não sei se é muito ou se é pouco, mas tudo o que tenho é esse papel e essa caneta para guardar minhas dúvidas e lágrimas. Ou talvez escreva isso num silencioso grito desesperado para que alguém (talvez a pessoa em que pensava) encontre e acuda meu sofrimento. Eu sou fraco e queria ajuda, mas não quero que ninguém sofra comigo, porque se esse parceiro não souber (e ele não saberá) as respostas para minhas perguntas, ele sofrerá junto comigo. Ou isso é só uma desculpa para me fazer de vítima?
Não importa. São esses desabafos da madrugada que me mantem são.

Beijos e abraços,
Corram pelados
õ/

P.S.: Escrevi isso na madrugada de ontem, no meu caderno...

P.S.2: "A noite que tudo faz sentido, no silêncio eu não ouço meus gritos"

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