A bala perdida atravessou a vida
O sangue quente respingou na batente
Da porta da casa escura
O corpo frio acertou
A porta da casa escura
A bala perdida atravessou a vida
O moleque chorando cresceu com raiva
Tentou estudar, mas tinha que sustentar
Aquela maldita casa escura
Bateu à porta da casa escura
Pedindo ajuda, querendo ajudar
Gritou, brigou, mas a casa estava vazia
Seus antigos donos se mudaram da casa do povo
Esqueceram Brasília "Eu vou é pro Rio!"
Pra Copacabana, deitar numa cama
Que se dane a escola, eu vou embora
Que se dane essa laia, eu vou é pra praia
A bala perdida não estava tão perdida assim
Cresceu nas ruas, esqueceu do povo
Esqueceu das artes, esqueceu da cultura
Só dinheiro importava, nessa vida dura
A bala perdida nasceu na ignorância
Cresceu dançando essa dança
A casa escura precisava de alguém
Mas, agora, não sobrara ninguém
Hipócritas prepotentes e ignorantes decadentes
Assumiram o poder. Mas o país continuava no escuro
A bala de perdera em algum lugar
Nalgum beco escuro, no meio da balada
Na hora da quebrada, num pozinho branco,
Num zero no banco, na batalha perdida
Na ignorância de todos a sua volta
Na aceitação do povo brasileiro
A bala perdida atrevessou a vida
Manchou a porta da casa escura
Do sangue escuro do cidadão brasileiro
O cidadão morreu, mas ninguém ligou
A bala cresceu e, a casa escura,
Apenas escureceu.
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